“Precisamos de um renascimento do heroico em nosso mundo, pois todo setor da humanidade, não importa onde no planeta, está escorregando em um caos inconsciente.”(Robert Moore and Douglas Gilette – King, Warrior, Magician, Lover)
Nos tempos antigos e até em mitologias, fama era considerada a fragrância de feitos heroicos, porém nos dias modernos, essa virtude tem sido atribuída apenas a quem chamamos de celebridades e a políticos, duas classes onde a palavra “heroico” dificilmente se aplica.
Se algum aparece no meio das massas, a resposta vem com um ataque de inveja. Inveja hoje consiste em preguiça e estagnação, e é altamente estimulada pela infinidade de meios de entretenimento, mídias sociais e hedonismo, consiste em ver alguém bem-sucedido e não querer que essa ou qualquer outra pessoa tenha mais do que você, então o foco é todo direcionado para que isso não ocorra. Quem quer que tente se destacar, que ousar superar esse estado, tem seu tapete puxado quase instantaneamente com acusações e julgamentos diversos.
Nos dispor a serviço de políticos e celebridades, é fazer um enorme desfavor a nós mesmos, nos manter em uma insignificância sistemática, e suprimir a vontade que cada um tem de ser heroico. E é apenas esse heroísmo que é capaz de afastar o caos em que nos vemos mergulhados.
Uma vida heroica é uma vida a serviço de algo, de valores, se não servimos a nada, seremos sempre um barco a deriva. Podemos servir a uma pessoa, a uma instituição, a uma ideologia ou, criar o próprio sistema de valores e viver a serviço disso.
O último vai exigir que nós mesmos façamos um julgamento do que achamos que vale a pena lutar por, e exige uma constante e enorme autorreflexão. A partir disso, temos um ponto de grande relevância nos dias de hoje, onde podemos começar essa construção usando como base, conhecimento de outros, ou seja, procurando por modelos de inspiração de pessoas “bem-sucedidas” (não necessariamente celebridades), cujo trabalho e ações sejam movidos por valores e crenças que fazem sentido e se alinham com os seus. As vezes essas pessoas estão muito próximas, basta olharmos para o lado, pode ser um familiar, um amigo, até alguém de nossa comunidade. É preciso treinar nossos olhos para que não transformemos ouro em lixo, para que não ignoremos o valor das pessoas que estão a nossa volta.
Quando achamos que só podemos buscar ou fazer algo significativo, se nossos líderes assim o fazem, nos colocamos a mercê de um fluxo completamente fora de nosso alcance, e nos damos a justificativa perfeita para apenas reclamar e não fazer nada, ou até mesmo tomar atitudes contrárias a ideia de valores e morais.
O herói acaba sendo alguém cujo compromisso com valores excede a normalidade, e com valores tais que servem ao bem da humanidade numa escala em massa, para servir a justiça e melhorar os efeitos do mal causado pelo próprio humano, combater a tirania e promover cooperação social.
O interessante é que, contrário a crença geral, heroísmo não envolve necessariamente autossacrifício, como um bem feitor da humanidade que sofre pessoalmente, as vezes até sua morte. Ao invés, ele se compromete com valores que movem a humanidade, avançando com a sua própria vida e objetivos, caminhando em direção a sua autorrealização. Dessa forma, podemos fazer um paralelo com a atitude de um líder, que lidera e inspira pelo exemplo, pois ao melhorar sua vida enquanto melhora a dos outros a sua volta, outros podem também sentir-se encorajados para seguir o mesmo caminho, a própria maneira. Podemos começar a ser o exemplo que inspira também.
Essencialmente, tudo vai depender do tipo de sistema de valores que você vai escolher para guiar sua vida, mesmo que não tenhamos sido agraciados com um intelecto acima da média, ou com uma grande criatividade, força física ou motivação, coisas geralmente retratadas em heróis como um poder sobre-humano.
Tudo gira em torno do compromisso com seus valores, e isso não necessita de nenhum desses poderes, nem mesmo de motivação, desde que se tenha em mente que um compromisso, é um compromisso, cada dia é uma batalha como a de Odisseu em sua jornada até chegar ao destino, ou Davi contra Golias. Talvez esses poderes não alcancem um nível sobre-humano, mas podem se tornar habilidades que podemos cultivar e aperfeiçoar. Cada dia é uma escolha, e cada escolha determina se enfrentaremos nossos desafios com coragem, ou se continuaremos inertes.
Viver uma vida heroica através de valores escolhidos por si mesmo, é e sempre será, nadar contra a corrente, pois vivemos em uma era onde uma corrupção generalizada de valores levou as pessoas em massa a girar em torno de distrações e prazeres vazios. Se formos um desses poucos que vai contra essa tendência e rejeitam a doença do conformismo moderno, é preciso estar confortável em ir contra o que é socialmente aceito.
Quando todos correm em direção ao penhasco, quem correr na direção oposta aparenta ter perdido a cabeça. Arthur Schopenhauer fala sobre isso ainda melhor: “Uma vida feliz é impossível, o mais alto que o homem pode alcançar é uma vida heroica.”
Vídeo da fonte: https://www.youtube.com/watch?v=G6tXBju3b4Q
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