E nela onde estão as pessoas mais próximas e mais íntimas, sem ela nós sequer estaríamos nesse mundo e provavelmente mal teríamos alguma direção para saber pra onde ir e onde não ir. Família é onde estão nossas raízes, e é da onde esperamos amor incondicional, compreensão e aceitação. Então, por que é que às vezes essas coisas parecem estar ao contrário?
Não importa em que lugar do mundo se esteja, e nem se as condições são as melhores e mais propícias possíveis em quaisquer termos, uma coisa é certa: família é uma coisa complicada. Às vezes de um jeito bom e até engraçado, mas as vezes nem tanto.
A convivência e a proximidade certamente trazem desafios conforme crescemos e amadurecemos, especialmente quando inevitavelmente se aproxima o momento onde temos de nos desvincular e seguir com as próprias vidas sem os pais. Nesse ponto, conflitos de interesses diversos podem surgir.
Todos tem seu lugar dentro de uma família, como mãe, pai, filho e filha, irmão e irmã, tio e tia, avós, etc. Mas também existem aqueles papéis que estão além desses já estabelecidos, que tem mais a ver com a personalidade e com o caráter de cada um, indiferente de sua posição familiar, como o esquentadinho que se irrita com tudo, ou o forte que aguenta a barra nos momentos difíceis, aquele que acolhe quando alguém precisa, aquele que põe ordem na bagunça, e daí em diante.
Mas e quando acabamos em papéis que não pedimos para estar, ou ainda pior, que nem sequer sabemos que estamos exercendo? Papéis como ser o suporte emocional de alguém indeterminadamente, aquele que acaba pagando o pato de coisas que nem estava envolvido, aquele que tem de ser um escudo para pessoas que não sabem lidar com situações destrutivas dentro de casa, ou o de ser aquele que precisa amadurecer antes do tempo para dar conta de questões que não são suas.
Acaba que nessas horas viramos muletas dessas pessoas, sustentando o peso deles e tentando ao mesmo tempo lidar com a própria vida, que não raramente acaba engessada por causa dessas situações. Porém, não é necessário que sua vida só possa seguir adiante quando permitirem que isso aconteça, e isso começa quando entendemos que é necessário uma distinção entre a vida dentro da família e a vida individual, e que essa distinção não é uma separação ou negligência com a sua família, mas quer dizer que certos limites precisam e devem ser delimitados.
É a partir de mudanças como essa, que você e todos poderão realmente começar um processo de cura.
Anselmo Cereza – Psicoterapeuta.
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