Não sei se é cultural, se é porque vemos na TV e ouvimos em músicas ou se é porque simplesmente nos ensinaram assim, mas aprendemos que temos de ser altruístas, pensar no outro primeiro e que devemos dizer mais sim do que não. O único grande problema nisso é que é o tipo de coisa que na teoria e na poesia soa belo e maravilhoso, mas, na prática, a teoria é outra.
Como qualquer pessoa, você tem a necessidade de fazer parte de algo, ter o seu canto em um grupo, que pode ser entre amigos, em sua família, no ambiente de trabalho ou seja onde for. Sentir-se aceito como um participante importante em um grupo é algo que todos precisamos. Até aí tudo certo.
O problema começa quando começamos a deixar de equilibrar a balança daquilo que fazemos para poder ser parte desses grupos. Geralmente nos colocamos como alguém inferior, alguém que precisa se provar, alguém que precisa se submeter, e alguém que precisa agradar a qualquer custo.
Claro, se submeter e se provar são partes importantes de um processo de integração a qualquer meio, afinal temos que mostrar do que somos feitos e pra que viemos. Mas quem foi que disse que isso implica dizer sim pra tudo que decidem nos submeter? Ou que temos de estar em um estado de provação que não acaba e não leva a lugar algum, que não faz sentido, e que as vezes envolve situações absurdas e até fora de contexto? Em momentos assim, é muito comum que você se sinta ainda mais pra baixo e talvez ainda mais inferior, como se fosse a lixeira emocional dos outros.
Mas sabe, muitas vezes isso ocorre porquê algumas pessoas têm medo que você acabe ofuscando elas, porque talvez seu jeito ou seu olhar diferente, sua energia e seu empenho estejam trazendo coisas novas e positivas que a maioria ali não tenha pensado em fazer, ou não tem a disposição. Acredite, isso é muito mais comum do que se pensa. É que nessa gana de ser aprovado, deixamos de lado uma coisa chamada “limite”, o qual ninguém vai respeitar caso isso não comece por você mesmo, pra você mesmo.
Viemos de uma programação que começa desde a escola até nossa vida profissional, onde nos ensinam que quem obedece e se comporta se sai melhor e ganha mais recompensas, e quando estamos imersos em um meio onde aparentemente todo mundo segue o mesmo rumo, fica confuso e parece estranho querer ser o único a fazer diferente, não fica?
A verdade é a seguinte: A maioria das pessoas não conseguem dizer não, porque tem medo de ficarem sozinhas.
Mas então vem cá, o que dizer daquele ditado que é tão verdadeiro quanto esse medo? Aquele ditado que diz: “Antes só, do que mal acompanhado”. E com tanta gente no mundo, você acredita mesmo que se não forem aquelas pessoas daquele grupo, não sobra ninguém mais?
Talvez seja hora de você começar a explorar e conhecer o mundo e a vida de verdade.
Anselmo Cereza – Psicólogo
Deixe um comentário